5/02/2009

Pintando no Espaço

Quando tive a idéia de iniciar uma série de posts sobre artistas do Polymer Clay/cerâmica plástica do mundo todo - alguns pouco conhecidos até mesmo em seus países de origem – mas cujos trabalhos me chamam a atenção tanto pela qualidade quanto pela originalidade de suas criações, não tinha expectativas que isto fosse se refletir em um considerável aumento no número de acessos, um melhor posicionamento deste blog nos mecanismos de buscas (São Google está aí para confirmar. ;-) e até mesmo em um maior número de comentários públicos e privados que tenho recebido.
Se por um lado, este aumento na audiência deixa claro o quanto o assunto tende a despertar interesse e curiosidade. Por outro justamente confirma uma grave lacuna que existe no acesso às informações nesta área. Mesmo que poucos admitam sua existência e menos ainda demonstrem se importar em alterar. Coisas de mentalidade de terra brasilis.
Mas antes desta constatação servir para algum tipo de orgulho fanfarrão, serve sim para sinalizar, até mesmo para mim, que estou no caminho certo. Que estou ajudando, de alguma forma a suprir a falha que ainda perdura. E a idéia de estar fazendo, com correção, minha parte já é o bastante para justificar minha atividade neste blog apesar da crônica falta de tempo. Ou, no mínimo, para mim será sempre melhor acessar e produzir conteúdo que justifique minha conexão do que encher os olhos apenas com os sempre tão aborrecidos discursos em torno do próprio umbigo.

Devaneios à parte, hoje vou utilizar este espaço para apresentar um artista cujo conjunto da obra é para mim motivo de imensa satisfação sempre rever. Pois apesar do nome James Lehman não soar familiar para a grande maioria dos polymers(ceramistas plásticos???) brasileiros este jovem artista norte americano é reconhecido como um dos mais criativos e inventivos de sua geração, pelos realmente conhecedores desta diferenciada forma de fazer Arte.
Já conheço seu trabalho há bastante tempo e, quase que por acaso, buscando material gráfico e informações para outro post, tive a felicidade de encontrar seu site e, consequentemente, a chance de poder dividir aqui o encantamento que sua obra me provocou desde a primeira vez que a vi. Inovador e possuidor de um inquestionável senso estético, com vocês: James Lehman.
James Lehman, nascido em 1964 em Marion (Ohio – Estados Unidos), não demonstrou especial interesse pelas artes plásticas desde sua tenra infância, mas antes pela música. Tendo inclusive iniciado em 1984, aos 19 anos, um trabalho na área que resultaria em uma coleção de CD´s de 22 canções escritas, produzidas e executadas pelo mesmo.
Em 1987 adquiriu uma casa em Akron(Ohio) onde, junto de seu irmão mais moço, Joe, formou um grupo musical chamado "Subtle Disasters" que executava suas canções em clubes locais. Resultando desta aventura musical, em 1990, a criação de seu selo independente.
Paralelamente às suas aventuras musicais James conheceu o Polymer Clay em feiras que participava. Já que entre uma apresentação e outra vendia seus CD´s e seus experimentos com pedras e cristais com os quais produzia colares e pendantes.
Em fevereiro de 1993 conheceu a Terry Zimmerman, que se tornaria seu sócio, e mudou-se para a casa de Terry localizada na área de West End, montanhas também chamadas de Akron Quadrado. E foi sob a influência e incentivo deste que no mesmo ano James definitivamente se interessou em contas em Polymer Clay e desenvolveu a técnica para produzir grandes agrupamentos gráficos em forma de lâmina que permitem que se criem peças únicas, visualmente leves e totalmente diferenciadas em forma e beleza.
E mesmo quem tem bastante experiência com o material sabe que apesar do mesmo possuir natural elasticidade e resistência não é fácil de manipular em extensas áreas criadas por associação sem se romper ou rasgar. Contudo, dividido entre sua paixão pela música, artes plásticas e um extremo fascínio por física, engenharia, matemática e lógica - que incorporaria mais tarde em se trabalho com Polymer Clay buscando chegar aos limites das possibilidades de sua Arte - foi somente em 2001 que decidiu, definitivamente, e para nossa sorte, levar adiante sua carreira como artista plástico profissional.
Resultando a partir daí o surgimento de uma grande e frutífera produção que se traduz em peças sofisticadas, extremamente minuciosas e de uma originalidade impar.
James define, poeticamente, sua Arte como pintura com Polymer Clay no espaço. Pois, segundo o mesmo, apesar de serem peças tridimensionais são baseadas, antes de tudo, na cor. Sendo, consequentemente, uma síntese entre a escultura e a pintura. O Polymer Clay/cerâmica plástica funcionando ao mesmo tempo como cor e estrutura possibilitando criações que, como o próprio artista conclui, seriam impossíveis de se produzir com outro material.
Pois é justamente o Polymer Clay, com suas próprias características plásticas e técnicas, que permite que sua proposta de trabalho seja realizada: criar grandes peças tendo apenas o material em sua realização.
James normalmente não utiliza nenhum suporte além do polymer clay como base e apoio em suas obras. Apenas algumas peças como esferas, cubos ou tetraedros são confeccionados em madeira e depois cobertos com placas produzidas Clay.
Já todas outras formas: bacias, placas, tubos e frascos são criados no próprio material com um revestimento de alto lustro. Resultando em peças, praticamente, vitrificadas em um belíssimo efeito.
Visite o site do artista e descubra toda sua Arte.
Definitivamente um belo passeio pela forma e cor.

Até a próxima.