7/12/2006

Referências


Dificl poder falar de uma única referência ou fonte de inspiração que mova meu trabalho.
Basicamente, antes de iniciar uma nova peça, por exemplo um vaso, fico algum tempo observando suas formas e tentando "ouvir" o que ele tem para me dizer. Sei que isso parece estranho mas o que acontece é como que um diálogo sem palavras ancorado no trinômio intuição/imaginação/sentimento.

Resulta deste momento de meditação realmente ver em minha mente os diversos desenhos e cores que devem desta ou daquela forma serem produzidos e aplicados de modo a chegar a este ou aquele resultado. O que, é claro, um certo prévio conhecimento das inúmeras e variadas técnicas aplicáveis ao material auxilia muito.
Amiúde, nem sempre me ocorre de visualizar o modelo completo e sim apenas algumas partes do mesmo. No entanto, na medida em que vou desenvolvendo a peça, os demais grafismos e cores surgem de forma a completar um quebra cabeças cuja origem, obviamente, não está fora de mim, mas em minha mente inconsciente apenas esperando uma chance de aflorar.

Para "alimentar" a mente com referências visuais busco, com frequência, coletar imagens nos mais diversos meios: TV, cinema, revistas, livros, Internet, fotografias que faço com minha máquina digital. E, na medida do possivel, mantenho inúmeros cadernos onde as organizo de forma a facilitar uma rápida consulta.

Atualmente, por exemplo, estou trabalhando tendo como forte referência à cultura hindu(em breve pretendo publicar aqui os primeiros resultados), mas não raro bebo em fontes célticas, africanas e andinas, ou mesmo em obras de pintores e escultores nacionais e estrangeiros. Minha única preocupação é de não delimitar "fases" ou períodos em minha produção. Apenas deixo fluir a voz interior.
A imagem que postei hoje é justamente uma colagem de algumas referências que utilizo amiúde em meu trabalho. Mesmo que pareça, em um primeiro momento, uma confusa "salada" visual, para mim é plena de sentidos.

Até a próxima

7/11/2006

Percepções


É curioso como os gostos estéticos, assim como o perfil cultural, parecem variar conforme a geografia dos povos. Ontem estava visitando minha página em um portal português onde são expostas peças de artesãos e artistas de países de lingua portuguesa ( Portal artesãos e me chamou a atenção o fato de que, apesar de ter uma razoável e variada galeria de peças expostas, as que atraem mais visitantes(e imagino que sejam na maioria portugueses)são os porta-joias de madeira coberta com filigranas produzidos em argila polímera(polymer clay).

Em vendas que faço para os EUA, a preferência, invariavelmente, sempre foi de pratos decorados que denomino de Mandalas e vasos. Já para a Italia e Espanha as bijuterias é que atraem mais os compradores. E no Brasil, até onde percebo, são as pequenas luminárias que agradam mais.

Fico pensando que assim como os gostos e preferências de cores e formas são variados em todo o mundo, mas sempre sob um mesmo domínio, o da Arte, bom seria que as pessoas de todo o mundo ao invês de terem rusgas em razão de territórios, poderes mesquinhos e ideologias vazias apenas tivessem divergências sobre preferências de expressões artisticas.

É, os artistas por vezes parecem viver em um universo paralelo onde os conceitos de tempo e espaço possuem outras dimensões e valores. Lugar este onde o sonho e a fantasia, são realizáveis e dominantes.
Sinceramente, não trocaria meu mundo particular por nenhum outro. Nele vejo cores, formas e volumes onde a maioria parece enxergar a tudo mas nada ver. De tudo me brotam idéias e de tudo colho um novo aprendizado.

Viver o mundo das Artes é viver um sonho acordado, como alguém outro dia me falou.

7/10/2006

Mandalas e Luminárias


Certo dia um amigo, em visita a meu atelier, comentou algo que me fez ficar pensando. Até mesmo por ser uma percepção que não havia tido antes.
Ele dizia, a respeito de meu trabalho com luminárias, vasos e caixas, que muitas vezes estes eram, na verdade, também "mandalas" . Só que ao contrário dos circulos na forma de filigranas serem aplicados em uma superfície plana estes cobriam as peças em uma outra apresentação. Mas de uma forma que é sempre recorrente em meu trabalho. O que, aliás, o fez diferenciado e se tornou uma marca pessoal.
Leitura interessante e curiosa que me faz pensar no quanto as pessoas conseguem enxergar em nossas peças e que por vezes foge à percepção até mesmo de quem cria.
Até a próxima

7/09/2006

Como surgem as Mandalas


É no emprego de camadas de cores diferentes através de cortes e dobraduras que surgem os desenhos repetidos ad infinitum com os quais construo as conhecidas imagens caledoscópicas que formam os delicados filigranas característicos deste tipo de arte.
Meu processo de trabalho pessoal para criar as peças que denomino “mandalas” parte antes dos, por vezes imprecisos, caminhos e descaminhos tomados pela subjetividade do que a partir de um projeto com critérios previamente elaborados e definidos.
Inicio, invariavelmente pelo centro, a a partir dalí procuro distribuir com formas e cores que se equilibrem e se complementem entre si produzir em diversas técnicas os círculos que envolvem outros círculos até ter a obra completa.
Mais do que um trabalho absolutamente técnico, é um exercício de meditação profunda onde a busca do equilíbrio interior se reflete na forma exterior.